Ontem a tarde, como de costume, sai pelas ruas do bairro colher flores das árvores para montar meus vasos ornamentais para decorar a casa e principalmente o quarto de mamãe. Sei que ela sempre gostou de flores, por isso procuro deixar seu quarto sempre florido. As vezes choro na rua e tento disfarçar das pessoas (tem dias que não dá para segurar as lágrimas, e hoje foi um desses dias) ao recolher as mudas, pois faço isso para alegrar minha mãe que está acamada vítima de um AVC. Até inspirei de próprio punho um poema sobre rosas, que postei no caminho mesmo às 18h46 e está logo abaixo desta publicação. Como Deus é perfeito. Sei lá se não foi inspiração divina pois escrevi sobre rosas e espinhos, obstáculos e sonhos. Eu não imaginava que alguns minutos depois de escrever eu teria que passar por um grande obstáculo. Com alguns ramos de flores nas mãos, andando pelas ruas do meu bairro, admito que causo certo espanto em algumas pessoas. Uns me imaginam louco, outros acham que é macumba, outros mais curiosos sorriem e tentam alguma aproximação para descobrir o que um cara de 1,81m faz com aquelas flores na mão. Já ouvi de tudo um pouco. Até suspiros de algumas mulheres (acreditem). Estas são as mais atiradas, murmurando baixinho coisas do tipo "que romântico" ou "acho que é para namorada dele". Coitadas... mal sabem. As senhoras são as mais simpaticas e alegres. Puxam assunto, comentam suas experiências com plantas, etc... chego até ensiná-las, rapidamente, montar os vasos. Já tomei xingo por estar apanhando ramos de árvores na frente de algumas casas. Nunca peguei nada de propriedade privada de ninguém, somente das arvores públicas, tomando devidos cuidados para não destruir a vegetação. Porém, hoje aconteceu algo atípico. Passando por uma rua, já satisfeito com a colheita do dia, a mão cheia de flores coloridas, avistei 3 garotos, idade média 15 anos, um deles abraçado com sua namoradinha, sentados na calçada. Já me aproximando, ouvi os risinhos baixinhos dos 4, típicos risinhos irônicos acompanhados de comentários que todo gay está acostumado ouvir desde pequeno. Não pude ouvir bem o que falaram mas catei o final da fala de um deles como algo do tipo "bicha com as flor na mão". Retardado, nem pronunciar uma frase no plural ele sabe. Comecei lutar jiu-jitsu há alguns anos atrás justamente para ocasiões deste tipo, mas aprendi que isto não resolveria um problema típico de uma sociedade que ainda não entendeu bem que todos merecem respeito. Não compensava mais "descer" à delegacia constantemente receber B.O's por agressão. Ao passar frente àquele grupo, a garota percebeu que eu estava com os olhos cheios de lágrimas e ela cutucou seu namoradinho e disse "Pare fulano, coitado". Segundos antes ela estava de risadinha com os três. Ouvi um "coitado" tão piedoso, que pensei comigo: "Eu? Coitado?". "Pera só ai colega, coitado são vocês. Parei e disse à eles o seguinte: "Criançada, escuta aqui. Vocês acham que não percebi que os 4 estão tirando sarro de mim?" Os três pivetes machinhos já arrepiaram igual franguinho quando depara com outro franquinho, arrepia as penas querendo brigar achando que já é galo. Acho que pensaram que por estarem em 3 seria fácil bater "na bicha". Na frente da novinha, idiotas desse tipo adoram menosprezar os gays para posar de macho valentão. Mas felizmente não houve agressão. Sorte deles. Finalizei dizendo aos 5 (a mãe de um deles estava saindo no portão e se juntou ao grupo) o seguinte: "Minha mãe tá doente na cama, não anda mais, e eu dedico cada minuto da minha vida para alegrar ela. Ela gosta de flores, por isso saio na rua apanhar flores para colocar no quarto dela, porque isso deixa ela um pouco mais feliz". A mãe de um deles (justamente o que estava com a namorada) implorou desculpas, desejou melhoras e deu maior sermão nele, apoiada pela namoradinha, e todos baixaram a cabeça e se desculparam. Mas tudo isso não me importou momento algum. Me preocupava mais o fato de eu ter me distanciado da minha mãe, mesmo sendo para fazer uma coisa que eu sei que a alegraria. Fico louco quando saio de perto dela. Corri para casa, abri a porta rapidinho e gritei "Mãe, voltei" (ela fica desesperada quando eu saio imaginando que eu não vou voltar mais). Ela responde "Já?". Em menos de dois minutos montei um lindo arranjo colorido e corri no quarto levar para ela. Nem lembrava mais daquele grupo nem do acontecido. Tudo foi superado quando entrei no quarto e eu disse "Olha mãe que lindo" e ela abriu um lindo sorriso, talvez o mais belo que já vi, e disse para mim "Já chegou? Trouxe flores. Que lindo". "São para senhora mãe, te amo". Faz uma pausa imensa agora, o choro foi demais. Ela nunca saberá o que eu passei para colorir seu quarto, pois sei que ela iria preferir um quarto escuro e sombrio à ver o filho dela menosprezado na rua. Até quando eu saio no sol ela se preocupa. Mais a noite, depois de ter dado janta à ela, fui trocá-la, e conversando sobre o sábado ela me disse "hoje é sábado né, você sempre se arrumava para sair essas horas e agora você não sai mais por causa de mim". Eu apenas respondi "Melhor assim mãe, perdi muito tempo na noite e todas elas eram iguais. Estou feliz aqui em casa." Ela ficou em silêncio. Terminei, dei um beijinho mega fofo na testa dela e disse "Dorme com os anjos mãe, se precisar toque a campainha". Ela respondeu seu "Amém" como sempre. Ela dormiu a noite toda e eu não preguei os olhos até agora, quase 5h00 da manhã, pensando, chorando e atento a cada respiração vinda do quarto dela. Atento a cada tossida e barulho vindo de lá por mais baixo que seja. Para mim o mais difícil de todos os dias, e talvez hoje o árduo, não é lutar contra o preconceito, nem meu esforço físico para protegê-la. O mais difícil para mim é ter que segurar o choro a todo instante vendo ela na cama, tendo que sorrir sempre para não entristecê-la. Hoje não consegui. Chorei demais. Mas ela só sorrio para mim, docemente, o tempo todo.
TCC - Trabalho de Conclusão de Curso TCC é a sigla para Trabalho de Conclusão de Curso, um trabalho acadêmico de caráter obrigatório e instrumento de avaliação final de um curso superior. É elaborado em forma de dissertação, visando a iniciação e envolvimento do aluno de graduação no campo da pesquisa científica. Todo curso de graduação deve exigir um trabalho final aos seus alunos para a curso possa ser concluído e os mesmos serem considerados formados. É nesta hora que entra o chamado TCC, que significa Trabalho de Conclusão de Curso. O TCC normalmente é desenvolvido e apresentado no último ano ou semestre do curso e todo aluno deve ser aprovado no TCC para que se forme. De certa forma, o TCC é como se fosse mais uma das disciplinas que todo aluno deve participar e ser aprovado para que possa obter o certificado de conclusão. Caso não conclua ou não seja aprovado no trabalho ele não recebe o diploma, como em qualquer outra disciplina, futuramente terá futuramente outra oportuni...
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